terça-feira, 21 de abril de 2009


Pára de dizer que o meu avô diria isto e aquilo de mim, tu não sabes o que ele pensaria se conhecesse a pessoa que sou agora, por isso não ponhas palavras na boca de quem já não pode falar.
Eu bem sei que ele foi a única pessoa que alguma vez se orgulhou de mim, foi ele o único que chorou de frustração e medo de possivelmente nunca me vir a conhecer. E, apesar de pensar que o fez, a pessoa que conheceu já não existe.
Vim embora de ao pé de ti porque não quero que me vejas chorar, sei que as minhas lágrimas não te afectam, tal como nunca o fizeram com a minha mãe. Será que o meu sangue o faria? O único sentimento que despertou nela foi raiva. Raiva e ódio por ter uma filha tão estúpida, uma filha tão diferente dela, alguém que ela não consegue tornar igual a si por muito que se esforce.
O meu avô, onde quer que esteja, ainda há-de vir a ter muito orgulho de mim. Posso estar agora encerrada na escuridão, mas quando brilhar irei certamente ofuscar todos os que me rodeiam.
Nenhum de vocês consegue verdadeiramente ver os demónios que enfrento diariamente, para vós tudo não passa de delírios de alguém que nunca recuperou do choque de perder uma pessoa próxima… Mas vocês vão ver. Um dia, mesmo que daqui a muito tempo, eu vou provar ter o valor que vocês nunca descortinaram por detrás das brumas em que me envolvi.

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