À medida que os irmãos entravam na escola todas as cabeças se voltavam na sua direcção.
Sidney e Maja começavam o ano lectivo numa nova cidade, para onde se tinham mudado no mês anterior.
Passaram o final do Verão em casa, pois nenhum deles tinha muitos amigos naquela cidade e preferiam estar sozinhos ou na companhia um do outro.
Ambos se vestiam de preto, Sidney tinha o cabelo rosa e a sua irmã azul. Ele usava maquilhagem azul e ela verde.
Logo que passaram o portão da escola começaram os mexericos.
Os gémeos, apesar de não serem nada parecidos devido aos cabelos coloridos, chamavam atenção de igual modo.
A sua mãe tinha-os matriculado naquela escola logo que se mudaram e levara-lhes um mapa da escola, de modo a que não precisaram de pedir indicações para encontrar as salas.
Estavam ambos na mesma turma do décimo primeiro ano.
A campainha soou pouco depois de chegarem e entraram na primeira sala de aulas, onde teriam Inglês.
O professor fez um olhar de desagrado quando os viu, mas não disse nada. Também não levantou a voz para fazer frente aos comentários dos colegas, deixando os dois irmãos serem gozados pela turma.
Maja não se conteve, levantou-se revirando os olhos e respondeu-lhes em espanhol arcaico, língua que ninguém pareceu entender. De seguida soltou um som de repugnância e tornou a sentar-se, esmurrando a mesa.
Sidney parecia que não ouvia nada do que se passava à sua volta e continuava a rabiscar esboços no caderno.
Todos se apresentaram, falando um pouco sobre si mesmos e quando chegou a vez de Maja esta apenas disse o seu nome e idade, tal como o Sidney.
O sotaque deles não era nem americano nem britânico. Ao contrário do resto da turma, os dois irmãos tinham sotaque hispânico, o que mais uma vez fez os colegas rirem.
Mais uma vez a rapariga de cabelo azul praguejou em espanhol arcaico, recebendo um olhar depreciativo do gémeo.
Tudo tinha sido muito mais fácil enquanto eram crianças.
A sua infância fora passada numa pequena aldeia sul-americana, com a avó, que cuidara deles enquanto a mãe viajava pela Europa.
Mais tarde, quando tinham cerca de seis anos, a sua mãe voltou e levou-os para os Estados Unidos, de onde não voltaram a sair.
Também não voltaram a ver a avó, pois morreu dois meses depois da partida dos netos.
Sidney levantou finalmente o olhar do caderno e mirou de soslaio todos aqueles adolescentes de aparência normal que se encontravam na mesma sala que ele.
Todos insistiam e se esforçavam por serem iguais, por se encaixarem nos padrões definidos pelos outros.
Qual o objectivo de tudo isso?
Quem quer que fosse diferente seria desprezado. Deveria ele aceitar as “normas” impostas por pessoas que não o conheciam e o queriam julgar pela aparência?
O único atributo que tinham em comum com alguns daqueles americanos e que muitos deles apreciavam era os olhos azuis.
Enquanto viveram na aldeia eram considerados exóticos porque, apesar de terem cabelos negros como as outras crianças, os olhos sobressaíam demasiado.
Nessa altura ainda ninguém diria que se tornariam criaturas tão diferentes do comum mortal.
A única coisa que não mudou foi o seu comportamento. Sempre se distanciaram das outras crianças.
Maja, uma vez por outra, brincava com as outras meninas da aldeia, mas Sidney sempre fora solitário.
Vivia num mundo de sonho (ou pesadelo), no qual os seus desenhos macabros e palavras mórbidas ganhavam vida, caminhando com ele por entre escombros de habitações abandonadas e castelos assombrados.
Apesar da sua aparência fria, era incapaz de magoar quem quer que fosse.
E Maja, apesar de parecer calma, podia enfurecer-se com facilidade e gritar palavrões à frente de meio mundo.
A aula passou lentamente e, quando finalmente se ouviu a campainha que anunciava o final da aula, todos saíram atabalhoadamente.
Estava frio fora da sala.
Sidney e Maja aconchegaram-se mais dentro dos casacos e caminharam à volta da escola que ainda estavam a conhecer. O dia estava demasiado frio e húmido para se seguir ao Verão.
Acabaram por se sentar atrás de um pavilhão que já não era usado e apenas servia como arrecadação.
Subitamente, um ratinho passou ao lado da mão da rapariga, que o pegou pela cauda e estendeu ao irmão, com cara de nojo.
Sidney pegou cuidadosamente nele e fez-lhe festinhas, enquanto o desesperado rato tentava escapar-lhe.
Nas outras aulas também houvera alguns comentários sobre eles, mas os outros professores silenciaram-nos.
As apresentações não chegaram a detalhes além do nome e idade.
Ao saírem da escola, Maja avisou Sidney de que ia depois dele para casa.
Sidney continuou o seu caminho e Maja dirigiu-se a um edifício relativamente perto da escola, para onde estavam também a ir algumas raparigas da sua turma, que faziam comentários maldoso sobre a sua roupa e cabelo.
Maja nada disse, ligou o mp3 e abafou as suas palavras.
Só o desligou quando chegou ao seu destino: a escola de música.
Entrou e foi seguida de perto pelas colegas, que a deixaram para trás quando parou na recepção.
No dia seguinte continuaria as aulas que deixara para trás na outra cidade.
A rapariga de cabelo azul começou a encaminhar-se para casa quando as primeiras gotas de chuva começaram a cair.
Parou de caminhar, ergueu a cabeça para os céus e abriu os braços, recebendo abertamente cada partícula de água, pouco se importando com qual seria a sua aparência quando voltasse para casa.
A maquilhagem escorria-lhe pela cara e o cabelo começava a ficar desgrenhado, no entanto ela ria de uma piada só sua, enquanto deixava a chuva desenhar os seus contornos na roupa.
Só regressou quando a chuva parou. O caminho até casa demorava cerca de quinze minutos e já eram cerca de sete horas da tarde.
Logo que abriu a porta, a sua mãe apareceu por trás dela.
-Onde estiveste? Porque estás encharcada? – perguntou-lhe.
-Fui inscrever-me na escola de música. Choveu! – disse com uma risadinha infantil, encolhendo os ombros.
Em seguida rodou sobre os próprios calcanhares e subiu as escadas até ao primeiro andar, onde encontrou Sidney.
-Choveu assim tanto?
Maja acenou negativamente e abriu os braços, explicando apenas por gestos porque se molhara tanto.
De seguida foi até ao seu quarto buscar uma toalha e dirigiu-se à casa de banho para tomar um duche.
Sidney passara o resto da tarde no quarto, a jogar jogos de computador.
Algo o fascinava naqueles movimentos fingidos, naqueles actos que não traziam consequências na vida real.
Também passava muito tempo nos chats virtuais, a falar com amigos de todo o mundo.
Nos últimos dias tinha falado com alguém que usava o nome “Prince of Hearts”[1].
O nome virtual de Sidney era “Silent Typhoon”[2].
Trocaram fotografias e idades, mas nenhum deles disse o seu nome.
Já há algum tempo Sidney começara a sentir uma certa atracção por rapazes, sem nunca pôr as raparigas de lado.
Quase sentiu o seu coração parar ao ver as fotos do “Prince of Hearts”.
Era um rapaz alto e ligeiramente musculado, de cabelo preto até aos ombros, pele pálida e olhos castanhos.
Não sorria em nenhuma das fotos. Em vez disso, olhava fixamente para a câmara, como se pudesse fitar quem o via.
Quando lhe perguntara o que fazia da vida, “Prince of Hearts” apenas lhe disse que prestasse atenção à televisão.
Sidney não entendeu o que ele quis dizer, mas dois dias depois viu o novo amigo num anúncio publicitário.
“Quem me dera também poder ser modelo…”, pensou o rapaz com angústia.
Essa angústia atormentou-o nos dias seguintes, mas nem à irmã contou o que se passava.
Quando a irmã entrara no seu quarto, completamente encharcada, admirou o seu corpo torneado.
Invejava muito a sua forma física. Ela sim, poderia ser modelo sem sequer se esforçar.
Levantou-se, trancou a porta do quarto e colocou-se em frente ao grande espelho que tinha na parede.
Tirou o casaco e deixou-o cair aos seus pés.
De seguida despiu a t-shirt e expôs a pele branca à leve claridade do candeeiro.
A simples visão do próprio corpo, por ele considerado imperfeito em tantos sentidos, trouxe-lhe lágrimas aos olhos.
Abriu a braguilha e tirou as calças, ficando apenas de boxers.
Sentou-se na cama, vendo o seu reflexo e deixou as lágrimas fluírem pelo seu rosto.
Nessa noite não falou com o novo amigo virtual. A dor de cabeça que se seguiu às lágrimas tirou-lhe toda a vontade de estar em frente ao computador.
E também não queria que o amigo notasse o seu estado de espírito abatido.
Quando saiu do banho, Maja foi até ao quarto do irmão, ainda de toalha.
Bateu à porta quando a encontrou trancada e o irmão abriu-a, enquanto se vestia à pressa.
-Porque estás despido? – perguntou Maja.
-Por nada – respondeu o irmão com um esgar estranho.
Ela passou a mão fria pelo rosto de Sidney, limpando-lhe as últimas lágrimas.
Sentou-se na cama dele e ele deitou a cabeça no seu colo, sentindo o calor do corpo da irmã, que lhe acariciava o cabelo.
Acabou por adormecer e a irmã foi para o seu quarto.
Maja vestiu uma curta camisa de noite e deixou-se cair na cama ainda com o cabelo molhado, encharcando a almofada.
Ainda era cedo, menos de nove horas, quando a mãe subiu as escadas para dizer aos gémeos que o jantar estava pronto.
Sidney acordou e vestiu-se, já com menos dor de cabeça, e desceu as escadas com a irmã, que cantarolava baixinho enquanto ensaiava alguns passos de dança.
-Quem me dera ter a tua boa disposição, mana – disse-lhe ele.
Maja sorriu e deu-lhe um beijo na cara, nunca parando de cantarolar.
Sentaram-se à mesa da cozinha com o padrasto e a mãe começou a servir o jantar.
Mentiram quando lhes foi perguntado como tinha sido o primeiro dia de aulas, dizendo que a escola era muito acolhedora e os colegas muito simpáticos.
A certa altura o irmão de Maja notou uma alteração de humor na sua gémea, mas decidiu não dizer nada.
Após o jantar os gémeos voltaram para o primeiro andar e, quando Sidney a chamou, Maja respondeu que não tinha vontade de falar com ninguém e fechou-se no quarto.
[1] – Prince of Hearts (Príncipe de Corações)
[2] – Silent Typhoon (Tufão Silencioso)
O rapaz de cabelo rosa decidiu não dizer nada, era o melhor a fazer.
Foi para o quarto e deitou-se na cama a ler.
Entretanto a sua irmã ligou a aparelhagem e subiu para cima da cama, movendo-se ao som da música, esquecendo que estava no quarto e voando rumo a um mundo distante.
Na manhã seguinte o Inferno continuou às oito e meia da manhã, com uma pesada aula de Literatura. Fizeram apresentações tal como nas outras disciplinas mas não perderam toda a aula em diálogos. Ao invés disso analisaram poemas dos mais variados tipos, tentando descodificar o que os poetas queriam dizer através de certas metáforas.
Maja passou a aula a bocejar e Sidney, como sempre, apenas rabiscava no caderno.
Por sorte tinham tarde livre e, seguidas à aula de Literatura, só havia mais duas aulas.
Toda a turma suspirou de alivio quando a campainha soou e saíram rapidamente, esquecendo a hora e meia que tinham perdido fechados naquela sala.
A manhã estava húmida e começavam a surgir os primeiros sinais de calor.
Mais uma vez, os gémeos sentaram-se perto do pavilhão/arrecadação e por lá ficaram, limitando-se a observar quem passava por eles.
Passou uma rapariga que prendeu a atenção de Sidney. Achou-a tão diferente…
Tinha traços asiáticos e cabelo até ao fundo das costas, preto e vermelho.
Maja também reparou nela e não resistiu a fazer um comentário maldoso, dizendo que o curto vestido amarelo da rapariga a fazia parecer um pintainho chinês.
A rapariga ouviu e fez um esgar magoado, mas não respondeu. Virou as costas e caminhou alguns metros, sentando-se também junto ao pavilhão.
-Tu às vezes consegues ser tão mazinha… - suspirou Sidney.
-Mas é verdade! Diz lá que não parece! – defendeu-se a irmã.
Sidney olhou de relance para o “pintainho chinês” e apercebeu-se de que a rapariga estava a chorar, tentando ocultar as lágrimas. Lançou um olhar de censura à irmã e levantou-se, dirigindo-se à asiática.
-Olá – disse timidamente.
A rapariga ergueu o olhar para ele e tapou a cara com as mãos, sem responder.
-O meu nome eh Sidney e aquela rapariga – disse, apontando - é a minha irmã, Maja. Vim aqui para te pedir desculpa pelo comentário dela, por vezes fala sem pensar.
O “pintainho chinês” acenou afirmativamente e permaneceu em silêncio.
-Como é que te chamas?
-Reila Nakamura – disse uma vozinha abafada por entre as mãos dela.
Alguns segundo após esta breve conversa, o som da campainha soou de novo e Reila levantou-se de um pulo, caminhando em direcção a outro pavilhão.
-Vemo-nos por aí? – perguntou Sidney.
Ela voltou-se para trás e acenou afirmativamente, continuando a afastar-se.
Os gémeos seguiram para a aula de Espanhol que, por coincidência, era partilhada com a turma da rapariga do vestido amarelo.
Maja riu à socapa ao vê-la, tinha acabado de escolher o seu mais recente alvo.
-Maja, por favor, não faças isto. Escolhe outra pessoa – pediu o irmão com um sussurro.
-Porquê? Apaixonaste-te pelo pintainho, foi? – disse com um sorriso trocista.
O lugar ao lado da asiática estava vazio e Maja não pensou duas vezes, sentando-se logo ao seu lado.
Sidney, temendo o que a sua irmã pudesse fazer, sentou-se na mesa logo à frente, lançando um olhar raivoso à gémea.
Reila mantinha uma expressão levemente incomodada e estava inclinada para a direita de modo a não estar tão próxima de Maja.
Passou meia hora sem que nada acontecesse, pelo menos que Sidney notasse.
Durante esse tempo, Maja esteve a desenhar na mesa um enorme e gordo pintainho com olhos amendoados, que depois pintou de amarelo, escrevendo em seguida por baixo “patinho pintainho feio”.
A colega de carteira, irritada com a brincadeira, levantou-se, agarrou na mala e saiu a correr da sala, com lágrimas nos olhos.
-Que se passou? – perguntou o professor, olhando para Maja.
-Não sei… Deve-se ter sentido mal ou algo do género…
-Estes alunos de intercâmbio… Acham que podem sair da sala quando querem – constatou o professor, abanando negativamente a cabeça – Só não lhe marco falta porque ainda não está definitivamente integrada na turma. O nome dela nem está no livro de ponto… Alguém sabe como é que ela se chama?
-Reila Nakamura – respondeu Sidney, sem tirar os olhos da página rabiscada do seu caderno.
O professor apontou o nome da aluna no livro de ponto e continuou a aula.
O resto da aula correu sem incidentes e acabaram por ser dispensados da última aula, que era leccionada pelo mesmo professor.
-Não sabia que conhecias assim tão bem o pintainho – ironizou Maja quando iam a sair da sala.
Nesse momento, Sidney viu o que a irmã tinha desenhado.
-Porque fizeste aquilo? – apontou para a mesa.
-Ssshhh! Queres que eu seja apanhada?! – resmungou ela, arrastando o irmão para longe do professor.
Sidney foi novamente sozinho para casa e Maja voltou à escola de música, onde lhe entregaram o equipamento que pagara no dia interior ao fazer a inscrição.
Ainda faltava cerca de uma hora para a aula de dança começar, mas Maja foi direita ao balneário e equipou-se para começar a praticar.
Quando estava a apertar as fitas das sapatilhas, a porta abriu-se.
Eram três raparigas asiáticas, sendo uma delas Reila.
-Olha, olha… O pintainho chinês também aqui está – sorriu cinicamente.
Nesse momento, uma das raparigas que acompanhava Reila aproximou-se em passos rápidos e agarrou Maja pelo cabelo, obrigando-a a ajoelhar-se.
A rapariga do cabelo azul ainda a tentou socar, mas a outra puxou-lhe o cabelo até ver as lágrimas aparecer.
-Ouve bem – disse, perto do ouvido dela – Nenhuma de nós é chinesa, somos japonesas. E tu não és ninguém para insultar a Reila, nós sabemos o que lhe fizeste na aula. Voltas a meter-te com ela e nós damos cabo de ti. Ah, sim! O meu nome é Erika, prazer em conhecer-te! Esta é Midori – apontou na direcção da outra rapariga.
Midori, a asiática de cabelo loiro, fez uma vénia ao ser apresentada e pousou a mochila num dos bancos, começando a trocar de roupa.
Reila seguiu-lhe o exemplo e Erika soltou o cabelo de Maja, fazendo uma expressão enojada ao ver a enorme de quantidade de cabelo azul que tinha ficado na sua mão.
Esta, para não dar parte de fraca, fingiu que não lhe doía e saiu do balneário com uma pose orgulhosa, de cabeça erguida, em direcção à sala de ensaios.
O que Maja não sabia é que, ao contrário do que acontecia na sua antiga cidade, o espaço de ensaios usado pelas alunas da dança era o mesmo que o usado pelas alunas de ginástica.
De um lado do pavilhão, uma das paredes tinha sido espelhada e havia barras na outra. Do lado oposto estavam trampolins, plintos, traves, colchões e mais alguns aparelhos de ginástica.
Passados alguns minutos, as japonesas entraram no pavilhão e Maja ouviu uma gargalhada aguda vinda de Erika, que apontava para ela enquanto falava a uma velocidade incrível com uma conterrânea que já se encontrava na área de ensaios.
Erika era bastante mais pequena que Maja, e também consideravelmente magra, tal como Reila e Midori. Como podia ter deixado aquela minorca ameaçá-la?
A rapariga de cabelo azul ignorou-a e começou a fazer o aquecimento.
Parou de praticar ao fim de meia hora, precisava de guardar energia para a aula que ainda nem tinha começado. Sentou-se no chão e ficou a observar as ginastas.
Tinha que admitir que, apesar de baixas, as três japonesas eram bem constituídas. Todas elas eram ligeiramente musculadas, apesar de magras, e só em Midori se conseguiam ver as costelas por baixo da pele pálida.
A professora delas, uma mulata alta e de porte atlético, começou a chamar os nomes das alunas à vez, para as avaliar.
Maja prestou especial atenção ao desempenho de Reila e Erika.
Notava-se claramente que Erika tinha muita força, mas sem dúvida que Reila tinha mais perícia e agilidade.
Reila não tocava o chão, pairava sobre ele.
Maja decidiu que ia falar com Reila. Queria pedir desculpa pelas suas acções.
A aula das ginastas acabou quando ainda a aula das bailarinas ia a meio e as raparigas que debocharam de Maja no dia anterior faziam agora parte da sua turma também na dança.
Enquanto decorria a aula, estava Sidney no seu quarto, preso ao ecrã do computador, à espera que o Prince of Hearts ficasse online.
Passou toda a tarde naquilo e, ao cair da noite, desanimou.
“Esqueceu-se de mim…” pensou, ao desligar o computador. Feito isto, pegou na guitarra e sentou-se na beira da cama a tocar.
Os primeiros acordes fizeram-no pensar em Reila. Ela era linda mesmo quando chorava... Devia ficar ainda mais quando sorria.
Sidney era fascinado com japoneses, o rock japonês, conhecido como j-rock, suscitava-lhe interesse há já algum tempo.